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Marituba

Por: Ednan Carlos de Lima Pedreira.*

Marituba é um município da RMB (Região Metropolitana de Belém), no nordeste paraense, com seguintes coordenadas geográficas: 01º 21’ 15 “de latitude Sul e 48º 20’ 40” de longitude. Se encontra entre os municípios de Ananindeua e Benevides, a 13 km da capital Belém, com uma área territorial de 103,279 km² (IBGE, 2018), “possui a menor extensão territorial do Estado com 109,10 km² Trata-se de um município com uma das maiores concentrações populacionais por quilômetro quadrado” (CEPI, 2015).

Conforme dados do IBGE (2010), sua população era de 108.246 pessoas, e sua população estimada em 2017 é de 127.858 habitantes, ocupando a décima posição no ranking dos municípios do Pará mais populosos. Seu PIB em 2015, segundo o IBGE (2017), foi de R$ 1,6 Bilhões (14ª posição do estado). O nome Marituba é de origem indígena (nhengatu) que significa “lugar abundante de Maris ou Umaris, que são árvores pertencentes à família das Icacináceas, “Tuba” significa “lugar abundante” (MARITUBA, 2019). Os munícipes de Marituba são chamados de Maritubenses.

 

História

Marituba é resultado de ações políticas da época das províncias na segunda metade do século XIX, segundo o IBGE (2019), as motivações para essas ações eram a implementação da estrada de ferro Belém-Bragança, para a colonização e desenvolvimento da região Bragantina. Sendo assim, Marituba surgiu por conta da ferrovia Belém-Bragança, “em virtude da construção das oficinas dos trens às margens da via-férrea foi necessária à construção de uma vila de casas para abrigar os operários da manutenção e demais funcionários desta estrada” (MARITUBA, 2019).

Naquela época, o território de Belém era imenso (abrangia as regiões Bragantina, Guajarina e do Salgado), sendo assim o atual território de Marituba pertencia a Belém, além disso esse território era uma região despovoada e que o governo precisava ocupar com urgência, para aproveitar os solos férteis para produção agrícola que serviria para abastecer a capital (IBGE, 2019). Em 25 de abril de 1875, imigrantes franceses, espanhóis e italianos chegaram e começaram a ocupar o território formando pequenas colônias agrícolas e que hoje são prósperos municípios da Zona Bragantina.

Sempre houve uma relação entre a ferrovia, a colonização e a exploração da zona Bragantina: na medida em que os trilhos iam sendo colocados região adentro, colônias e povoados iam surgindo nas margens e paradas da Estrada de Ferro (IBGE, 2019). A formação do que até então era a vila foi concluída em 1907, nascendo assim o povoado de Marituba. “Com a criação do Município de Ananindeua, em 1943, passou a pertencer a esse novo município. Já em 1961, passou a pertencer ao Município de Benevides” (MARITUBA, 2019).

Em 1909, durante o Natal os moradores realizaram uma missa em frente de uma antiga escola primária Essa missa passou a ser celebrada no interior da escola, e depois de um tempo passou a ser uma dominical da cidade toda. Uma das casas da vila foi reformulada para servir como capela, integrando a Paróquia de Santa Isabel e até hoje se encontra construída, conhecida como a Igreja Matriz de Marituba. O cemitério da Vila foi fundado em 1918.

A vida dos moradores nos primeiros anos da vila não era fácil, “quase todos empregados da Estrada de Ferro de Bragança. Havia também, uma pequena parcela da população que vivia da roça e da produção de carvão que ia para Belém no trem de carga” (IBGE, 2019). Forneciam lenha para a construção da ferrovia e também para a Pará Elétrica, essa foi a empresa pioneira a explorar energia elétrica em Belém.

O extrativismo dominou durante anos o cenário econômico da vila e até hoje existe em Marituba. Na metade dos anos 40, a economia da vila começou a girar em torno de atividades comerciais, e também de iniciante agricultura de subsistência dominada pela mandioca, o arroz e o milho (IBGE, 2019). Os primeiros comerciantes foram Deomano Pacheco (português), também a família Bastos (farmacêuticos), a família Falcão (estivadores), Agostinho (português) proprietário da Cerâmica Marajó e por último Francisco Cunha.

Com essas novidades chegando, o vilarejo ia crescendo e “tomando forma de cidade”. Até que em 1983, o povo maritubense começou a se organizar para buscar sua autonomia, “foram três os movimentos populares para a sua emancipação; o primeiro foi realizado em 1983; o segundo em 1991 e finalmente em 1993” (IBGE, 2019), foram questões econômicas que incentivaram o povo do município a buscar a emancipação.

 

Formação Administrativa

Segundo o IBGE (2019), Marituba foi constituída como município pela Lei Estadual n.º 5.857, de 22-09-1994. Foi desmembrado de Benevides, com sede na atual cidade de Marituba (ex-localidade). O distrito sede foi formado e decretado em 01-01-1997. O município é constituído do distrito sede e assim permanece, em divisão territorial datada de 2007.

A cidade possui os seguintes bairros: São João (dividido em comunidade Paulo Fonteles e Campo Verde), Uriboca (dividido em Antigo, Novo e comunidades Aracanga e Santa Rita de Cássia), Centro (dividido em comunidades da Prainha, Boa Vista, Piçarreira e Mata), Pedreirinha, São José, Dom Aristides,- São Francisco, União, Nossa Senhora da Paz, Decouville (dividido em comunidades do Mirizal, Cecon, Japão, Santa Fé e Santa Clara, conjuntos Nova Marituba, Marituba I, Mário Couto, Beija Flor, Parque Imperial, Parque das Palmeiras), Beira Rio (dividido em comunidades do Beira Rio, Santa Lúcia Ie Santa Lúcia II), Residencial Almir Gabriel e Comunidades Agrícolas de Santo Amaro, Bela Vista e Riacho Doce.

 

Economia

 

Na metade da década de 1950 “instalou-se no município de Marituba uma das maiores plantações de pimenta-do-reino do Brasil, localizada na fazenda Oriboca, pois no referido momento a especiaria representava uma importante atividade econômica para a região” (CEPI, 2015). Este investimento foi da empresa Pirelli S.A, que administrava a fazenda Oriboca e aconteceu no momento do Plano de Valorização Econômica da Borracha, segundo Silva (2012), realizado pelo Governo Federal e depois ficou no comando da Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia. Atualmente é um lugar abandonado, classificado como uma reserva tombada, propriedade do governo federal (CEPI, 2015).

Atualmente, os setores que mais geram empregos no município são: comércio e serviços, a administração pública, indústria da transformação, agropecuária e construção civil (CEPI, 2015). O PIB per capito do município de Marituba, segundo o IBGE -2016, é de R$ 13.781,36. O Salário médio mensal dos trabalhadores formais segundo o IBGE- 2017 é de 2,1 R$ (1.576,00 reais). A população ocupada com alguma atividade de trabalho assalariado com vínculo empregatício é de 17.394 pessoas (cerca de 13,6% da população). “Segundo dados do IBGE – 2014, existem 836 empresas atuantes no município de Marituba” (CEPI, 2015).

A agricultura aparece num aspecto muito mais de subsistência , abastecendo a mesa dos próprios agricultores e do mercado local (CEPI, 2015), especializada na plantação de abacaxi, banana, mandioca, melancia, arroz, milho, cheiro-verde, couve, laranja da terra, mamão,  maracujá,  limão, açaí e  feijão (IDESP, 2014). “O município de Marituba também vem se destacando na produção do Rambutam que é uma fruta originária da Ásia” (CEPI, 2015).

Com relação a criação de animais, destacam-se Frangos, Frangas e Pintos. Marituba tem rebanhos de bovinos, suínos, equinos, caprinos, muares e asinino. Os rebanhos são pequenos e usados especificamente para a produção de leite e no caso das galinhas para a venda dos ovos (IDESP, 2014). Assim, ainda que pequena, a economia de Marituba possui um pouco de diversificação considerando que arrecadação é baseada nos setores agropecuário, industrial, serviços e impostos (CEPI, 2015).

 

Cultura e Turismo

Com relação a antiga Estrada de Ferro de Belém-Bragança, Marituba preserva boa parte do patrimônio da época, como “a antiga Caixa D’água do trem, toda restaurada, algumas casas originais da antiga Vila dos trabalhadores, a oficina e o galpão do trem, prédio onde está situada a Sede da EMATER” (MARITUBA, 2019). A caixa d’água representa um dos maiores símbolos do município ,é um monumento que juntamente com outros patrimônios formam um conjunto arquitetônico que estão localizados na Av. Fernando Guilhon. ( CEPI, 2015) Marituba é um dos 13 municípios que compõem a Rota Turística Belém-Bragança.

Da população residente de Marituba, segundo o IBGE -2010, a maior parte da população se identifica como Católico (51%), também possuindo a fé evangélica sendo esta a segunda mais optada pela população (26%), ateus e adeptos de outras crenças compõe o restante da população (33%).

Marituba possui a reserva tombada “Revis Metrópole da Amazônia”, localizada na antiga fazenda Guamá (Pirelli), propriedade criada em 1951, planejada para plantação de seringueiras, no local se encontra uma vila antiga de moradores, alguns galpões para trabalho com a seiva da seringueira e floresta bem cuidada, com “presença de espécies vegetais ameaçadas de extinção: Acapu, Angelim, Cedro e a Castanheira-do-Pará” (MARITUBA, 2019).

Há em Marituba espaços para lazer, como:

- Balneário Paraíso das Pedras: Oferecendo piscinas de águas naturais, possui estacionamento gratuito, bebidas/refeições e um ambiente bastante agradável. Endereço: Rua das Ameixeiras, nº 05; Bairro: da Campina Tel: (91)98988-6798

-Balneário Floresta Park: Oferece um ambiente familiar, paisagens naturais e restaurantes com ótimas comidas típicas. Endereço: Final da Rua da Assembleia – Bairro Campina verde. De Sexta a segunda, inclusive nos feriados. Telefone: (91) 99915-0231.

- Praça Matriz (Augusto Montenegro): Praça Antônio Perdigão Bastos, está localizada na avenida Fernando Guilhon, que é o berço da colonização durante a segunda metade do século XIX, mesmo período da “construção da Vila de Casas da Estrada de Ferro Belém Bragança” (MARITUBA, 2019). A praça possui o busto do Governador Augusto Montenegro, ainda do período de colonização No local está a Igreja Católica Menino Deus e também uma concha acústica que ajuda a realizar shows e espetáculos servindo como palco. Ao entorno da praça são encontrados bares, restaurantes, lanchonetes e vários vendedores ambulantes. O centro é onde está construído o monumento ao Menino Deus, padroeiro do município e também uma academia ao ar livre (MARITUBA, 2019).

-Natal dos Sonhos de Marituba  : O Natal dos Sonhos é um evento que resgata os tempos de vila de marituba, objetivo de relembrar a história da cidade com a alegria e sentimento positivos.  Acontece sempre no período de dezembro a janeiro, na Praça Matriz, decorada com elementos que contam a história de Marituba e com estes mesclam elementos de natal, com o público de todas as faixas etárias e classes sociais. Este evento destaca o município em escala regional e estadual, com apresentações artísticas e culturais como o “coral da Casa da Cultura do município e convidados da região, visando contribuir para a promoção do turismo cultural do município, valorizando as diversas manifestações existentes em Marituba e região, fomentando a cultura e o turismo no polo Belém” (MARITUBA, 2019).

- Espaço Botânico Sítio Acapu: É uma reserva ecológica com 12.000 m² de área de mata, possui lugares maravilhosos que são cenários de mitos e lendas da Amazônia e estimula preservação da floresta. Localizado no bairro Decouville (área urbana), acesso pela BR 316, Avenida Decouville. No local oferece estrutura para: Trilha ecológica, tradições e cenários indígenas, casa do caboclo, contato com animais, acesso à capela, refeições (pacote de almoço e janta), piscina, quadra esportiva, casa de bonecas (MARITUBA, 2019).

- Revis Metrópole da Amazônia: criado através do Decreto nº. 2.211 de 30/03/2010, localizado na Região Metropolitana de Belém (RMB), uma área de 6.367.27 hectares, antes era terreno da antiga Fábrica Pirelli, onde abrange 6,3% da área de quatro municípios: Ananindeua, Marituba, Benevides e Santa Isabel. De Belém até o REVIS são 23kms, acesso através do Km 14 da BR 316, seguindo por mais 4 quilômetros na Estrada da Pirelli (MARITUBA, 2019).

 

Hino Municipal de Marituba

(Compositor: Luiz Dilton Pereira da Silva)

I

Brava gente, mariuara, temos orgulho de ti

Construíste a estrada, com força do umari

Dormentes deitados no chão,

Sol forte no peito a brilhar

Vitória dos cassacos são,

Com vara no trole a trilhar.

 

II

Marituba, Marituba, mais querida do Pará,

Como vila tu nascente, com teu povo a labutar

A estrada de ferro deixou

Memórias pra sempre a lembrar

Te amamos com todo louvor

Com mil corações a cantar.

 

REFRÃO

Salve, Salve, teu pendão

No Equador nasce umari

És a mãe, nossa Nação,

Com amor sempre a sorrir

Marituba teu Natal

Tua festa tradição

Arraial, coreto, fé, religião.

 

III

Dos igarapés, saudades, fonte de inspiração

Caixa d’água nosso símbolo e a nossa estação

Os pássaros e bois-bumbás

Celeiro de artes sem par

Maria-fumaça apitou

Deixando esperança no ar.

IV

És pequena, mas pujante, grande hoje e amanhã

Das conquistas, o progresso desafia tua louçã

Raiou liberdade no céu,

O azul com intenso fulgor

A cidadania venceu

A paz floresceu com garbor.

 

REFRÃO

Salve, Salve teu pendão

No Equador nasce umari

És a mãe, nossa Nação,

Com amor sempre a sorrir

Marituba teu Natal

Tua festa tradição

Arraial, coreto, fé, religião.

 

*Bolsista Grão-Belém/Acadêmico da Faculdade de Geografia, UFPA- Ananindeua.

Referências:

CEPI, Coordenação de Estudos, Pesquisas e Informações. Inventário da Oferta Turística de Marituba, SETUR, Pa, 2015.

IBGE. História e Fotos. Disponível em: < https://cidades.ibge.gov.br/brasil/pa/marituba/historico >. Acessado em 15 de setembro de 2019.

IDESP, Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará. Estatísticas Municipais de Marituba. Governo do Pará, Belém Pa, 2014.

MARITUBA, Prefeitura Municipal de. Hino municipal. Disponível em: < http://www.marituba.pa.gov.br/site/hino/>. 2014. Acessado em 15 de setembro de 2019.

MARITUBA, Prefeitura Municipal de. História do Municipio. Disponível em: < http://www.marituba.pa.gov.br/site/o-municipio/historia/ >. Acessado em 15 de setembro de 2019.

MARITUBA, Prefeitura Municipal de. Sobre o município de Marituba. Disponível em: < http://www.marituba.pa.gov.br/site/o-municipio/sobre-o-municipio/>. Acessado em 15 de setembro de 2019.

MARITUBA, Prefeitura Municipal de. Turismo e Lazer. Disponivel em: < http://www.marituba.pa.gov.br/site/o-municipio/turismo-e-lazer/ >. Acessado em 15 de setembro de 2019.

SILVA, Patrícia Oliveira da. A reprodução da agricultura familiar na Região Metropolitana de Belém no início do século XXI: um estudo acerca dos agricultores dos bairros de Almir Gabriel e Uriboca no município de Marituba - Pará / Patrícia Oliveira da Silva; orientador, João Santos Nahum. - 2012.

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