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Impactos socioculturais do mercado do Ver-O-Peso para a capital paraense.

Por: Paula Beatriz Rego Menezes.*

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         A cidade de Belém foi fundada no ano de 1616, época a qual o Brasil ainda era colônia de Portugal em que a cidade serviu como porta de entrada para a circulação de mercadorias na região amazônica. Com isso, deu-se a fundação do Forte do Presépio, incumbido de proteger a cidade naquela época e a partir disso criando uma localidade em torno da Baía do Guajará ao ficar conhecida como Feliz Lusitânia.

Encontrado, também, às margens da Baía do Guajará, o Mercado do Ver-O-Peso é ponto turístico da cidade de Belém, sendo um dos principais cartões postais da cidade e de grande importância histórica para a construção do espaço geográfico belenense. O mercado é responsável por abastecer a capital com produtos das ilhas próximas trazidos por barcos pelos “ribeirinhos”, como por exemplo o açaí.

O mercado inicialmente, em 1688, foi criado como posto alfandegário devido à grande dinâmica comercial que havia se instalado na cidade, o qual tinha como função o tributo do peso dos produtos que na época era conhecido por ser a Casa “HAVER-O-PESO” (DE SOUSA, 2010). De acordo com Cruz (1973), após algumas mudanças no governo de Telo de Menezes, na segunda metade do século XVIII, devido ao pouco rigor inserido nas fiscalizações, não era mais a mesma e com isso foi sancionada uma lei assinada pelo presidente da Província, o qual determinou a demolição da casa e sendo repassado à Recebedoria.

Contudo, os resquícios deixados pela casa alfandegária foram responsáveis pela dinâmica que atualmente o mercado vivencia, o qual deu origem a um grande complexo reconhecido mundialmente como a maior feira a céu aberto da América Latina. Além disso, o mercado do Ver-O-Peso, segundo a SECON (2009), é subdividido em várias áreas as quais os feirantes estão distribuídos de acordo com seu setor de venda, que são constituídas em: hortigranjeiro, industrializado, lanche/refeição, mercearia, farinha, artesanato, ervas medicinais/umbanda/plantas, serviços e mercado.

O Ver-O-Peso é um local de grande destaque que obtêm uma grande história e representa em todos os aspectos a cultura paraense, devido a pluralidade de objetos materiais e imateriais encontrados em um só lugar. Esta diversidade é um dos atrativos do mercado marcados pelos traços mais genuínos do Pará como: cheiros, sabores, cores, artesanatos, músicas, a linguagem e a simpatia calorosa de cada feirante.

Este lugar reflete muito no que diz respeito a construção espacial e social de Belém, logo por onde deu-se o início das mudanças e desenvolvimentos urbanísticos proporcionados pelo auge da exploração da borracha (no final do século XIX, no início do século XX), que se encontra presente nos quatro cantos do Ver-O-Peso. Com isso, a cidade foi se metamorfoseando com a modernização europeia, a qual com o ciclo da borracha foi conhecida como Belle Époque, tornando Belém a Paris N’América. Como exemplo disso, tem-se presente na feira o mercado de peixe e o mercado de carne, que foram construídos com grandes peças metálicas trazidas da Europa, em meados do século XIX (LEITÃO, 2013).

A localidade em torno do mercado demonstra a riqueza do padrão arquitetônico da época, o qual ainda é espalhado no centro da cidade os antigos casarões e as ruas estreitas calçadas por pedras. Infelizmente não há a devida preservação destes símbolos que trazem à tona um período importante para a consolidação da capital paraense e acabam sendo esquecidos devido ao crescimento vertical da cidade e a modernização com a inserção de shoppings. É possível notar esta paisagem quando sai do mercado.

Em uma pesquisa de opinião realizada junto aos trabalhadores e visitantes no mercado do Ver-O-Peso e, também, em levantamento verificado em sites de turismo foi enfatizado sobre a pouca preservação do mercado. Isto ficou muito presente na fala de cada entrevistado, alegando ainda sobre o lixo excessivo e o esquecimento do poder público para o local que recebe centenas de pessoas todos os dias, sem contar da infraestrutura antiga a qual necessita de reparos. Porém, todos os entrevistados não negam o encanto pelo Ver-O-Peso com a sua diversidade e sendo como símbolo da cultura paraense: “É impossível ir ao Pará e não ir ao Ver-O-Peso!”.

*Voluntária Grão-Belém/ Acadêmica da Faculdade de Geografia, UFPA- Ananindeua.

 

Referências:

DE SOUSA, Marlon. 2010. ‘’A feira do Ver-O-Peso: Organização espacial e circuito inferior da economia’’. Porto Alegre. 2010

 

LEITÃO, Wilma Marques. 2013. “VER-O-PESO: um mercado de coisas boas e belas”. Uberlândia. 2013

 

BELÉM (PA). SECON. 2009. Fundação de Belém.

 

CRUZ, Ernesto. História de Belém. Belém: Editora da UFPA, 1973. Vol. II.

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